Sinopse:
Na fazenda chamada Morro dos Ventos Uivantes nasce uma paixão devastadora entre Heathcliff e Catherine, amigos de infância e cruelmente separados pelo destino. Mas a união do casal é mais forte do que qualquer tormenta: um amor proibido que deixará rastros de ira e vingança.
Esse é um dos meus livros preferidos da vida inteira, li a primeira vez no auge dos meus 17 anos, e ter o privilegio de relê-lo com a mente que tenho hoje, após quase 7 anos da primeira leitura, e em uma edição tão fantástica como essa, foi algo incrível. Publicado a primeira vez em 1847, O Morro dos Ventos Uivantes se tornou um dos grandes clássicos da literatura mundial, além de ter sido o único romance escrito por Emily Brontë.
“Possivelmente, algumas pessoas pensariam que ele tem uma dose daquele orgulho de quem nasceu em uma condição mais simples; dentro de mim, uma dose de simpatia me diz que ele não é nada disso: instintivamente eu sei que sua reversa se origina de uma aversão a grandes demonstrações de sentimento – de manifestações de mútua cordialidade. Ele irá amar e odiar, ambos em segredo, e considerar um tipo de impertinência se, em retribuição, for amado ou odiado.” (p. 24)
Não espere uma história de amor regada a flores e corações, esse é um livro forte, com personagens instáveis que sofrem pelas mãos de um destino cruel e amargo. Todos os acontecimentos decorrem do amor existente entre Catherine e Heathcliff, e aos caminhos a que esse trágico amor leva durante a narrativa.
“- Eu amo o chão sob os pés dele, e o ar acima de sua cabeça, e tudo que ele toca, e cada palavra que ele diz… Eu amo todos os olhares dele, e todos os seus gestos, eu o amo por inteiro, completamente. Pronto!” (p. 119)
A história nos é contada através de uma empregada do Morro dos Ventos Uivantes, que esteve presente em todos os acontecimentos citados no livro. Ellen Dean, mais conhecida como Nelly, é quem narra todos os acontecimentos ao Sr. Lockwood, um dos personagens secundários da trama. Achei essa sacada genial, é como sentar aos pés de uma lareira e ouvir alguém lhe contar uma daquelas histórias que mexem com o nosso coração.
“- Casar-me com Heathcliff agora me degradaria; por isso, ele nunca vai saber quanto eu o amo; e o amo não por ele ser bonito, Nelly, mas por ele ser mais eu do que eu própria sou. Não sei de que as nossas almas são constituídas, mas a dele e a minha são iguais, e a de Linton é tão diferente quanto um raio de luar de um relâmpago, ou a geada do fogo.” (p. 122)
Catherine e Heathcliff, duas almas unidas que tiveram seus sentimentos reprimidos pelas complicações da sociedade e de seus próprios gênios tempestuosos. Eu nunca vou julgar nenhum dos dois por cada péssima decisão tomada, acredito que faz parte da vida cometer erros. Da mesma forma que acredito que aprendemos com os erros cometidos.
“- Meus maiores sofrimentos neste mundo têm sido os de Heathcliff, e eu vi e senti cada um deles desde o início; minha maior razão de viver é ele. Se tudo o mais desaparecesse, e ele permanecesse, eu ainda continuaria a existir; e, se tudo o mais permanecesse, e ele fosse destruído, o Universo se transformaria em um completo estranho. Eu não seria parte dele. Meu amor por Linton é como a folhagem nos bosques. O tempo vai alterá-lo, sei muito bem disso, assim como o inverno altera as árvores. Meu amor por Heathcliff se parece com as rochas sempiternas sob a superfície: uma fonte de pouquíssimo prazer visível, mas necessário. Nelly, eu sou Heathcliff… Ele está sempre, sempre em meus pensamentos; não como uma coisa prazerosa, não mais do que eu sou sempre uma fonte de prazer para mim, mas, como meu próprio ser…” (p. 124)
Heathcliff é alguém que ama demais, talvez esse seja o seu maior pecado, pois chega a ser inacreditável que alguém com tamanho amor no coração, se torne capaz de odiar com uma profundidade imensa e ser tão cruel.
“- Você acha que ela quase se esqueceu de mim? – perguntou ele. – Ah Nelly! Você sabe que ela não se esqueceu! Você sabe tão bem quando eu que, para cada pensamento que ela dirige a Linton, ela dirige mil para mim!” (p. 208)
Emily construiu uma história única, que traz um vislumbre surreal da natureza humana e de seus aspectos mais primitivos, mesclando referências ao mundo sobrenatural e a racionalidade. Sem sombra de duvidas, enquanto eu viver falarei que esse é o meu clássico preferido da vida.
“- Eu não consigo viver sem minha vida! Eu não consigo viver sem minha alma!” (p. 233)
Se você deseja ler esse clássico, mas sente receio em encontrar dificuldades na compreensão do texto, saiba que a tradução feita pela Solange Pinheiro nesse exemplar da Martin Claret está espetacular.
“- … Eu não consigo olhar para o chão, sem que os traços dela não estejam fixados nas pedras! Em cada nuvem, em cada árvore… preenchendo o ar da noite, e percebida por lampejos em cada objeto durante o dia, eu estou rodeado pela imagem dela! A semelhança zomba de mim nas faces mais comuns de homens e de mulheres, nos meus próprios traços. O mundo todo é uma pavorosa coleção de lembranças de que ela existiu, e de que eu a perdi!” (p. 429)