Sinopse:
Ao limpar o escritório de seu pai, falecido há uma semana, a investigadora forense Rory encontra pistas e documentos ocultados da justiça que a fazem mergulhar num caso sem solução ocorrido 40 anos atrás. No verão de 1979, cinco mulheres de Chicago desapareceram. O predador, apelidado de Ladrão, não deixou nenhum corpo ou pista — até que a polícia recebeu um pacote enviado por uma mulher misteriosa chamada Angela Mitchell, cujas habilidades não-ortodoxas de investigação levaram à sua identidade. Mas antes que a polícia pudesse interrogá-la, Angela desapareceu. Agora, Rory descobre que o Ladrão está prestes ser posto em liberdade condicional pelo assassinato de Angela: o único crime pelo qual foi possível prendê-lo. Sendo um ex-cliente de seu pai, Rory reluta em representar o assassino, que continua afirmando não ser o assassino de Angela. Agora o acusado deseja que Rory faça o que seu pai prometeu: provar que Angela ainda está viva. Enquanto Rory começa a reconstruir os últimos dias de Angela, outro assassino emerge das sombras, replicando o mesmo modus operandi daqueles assassinatos. A cada descoberta, Rory se enreda mais no enigma de Angela Mitchell, e na mente atormentada do Ladrão.Traçar conexões entre passado e presente é a única maneira de colocar um ponto final naquele pesadelo, mas até Rory pode não estar preparada para a verdade...
Após a morte de seu pai, a investigadora forense Rory Moore precisa se livrar dos casos pendentes do seu escritório de advocacia. O que ela não imagina é que um dos casos é daqueles que ela mesma terá que dar andamento. E não poderia ser nada menos que o caso do notório Ladrão.
O assassino em série que no ano de 1979 foi acusado do assassinato de várias mulheres, incluindo Angela Mitchell, responsável pelas provas entregues à polícia que o incriminaram. O detalhe é que Angela desapareceu. O Ladrão sempre alegou que ela ainda estava viva.
“O público começara a entender a situação. Os artigos de jornais começaram a aflorar. As autoridades emitiram alertas, e o medo vinha aumentando mais do que o calor do verão. Com a conscientização do público, ele passou a espreitar com mais cuidado, planejar com mais detalhes e encobrir os rastros com mais perfeição. Encontrara o local perfeito para ocultar os corpos.”
Trinta anos depois, prestes a ser solto, o Ladrão requer que a agora sua advogada, Rory Moore, continue o trabalho de seu pai: encontre Angela.
Como se não apenas isso bastasse, Rory está envolvida com o caso de assassinato não resolvido de um ano atrás, com pistas que parecem levar aos crimes cometidos pelo Ladrão há tanto tempo.
“Perto da uma da manhã, Rory encostou o carro na frente da casa do pai. Insalubremente, ela estava ficando obcecada pela mulher de 1979. De alguma forma, Angela Mitchell voltara do passado e se apossara de alguma parte da consciência de Rory. Como um diapasão que tivesse levado uma pancadinha, a vibração relativa ao mistério em torno da mulher era pouco audível, mas impossível de ignorar.”
A investigação segue caminhos obscuros e pistas que remontam à vida de Angela em 1979 através da narrativa que nos dá vislumbres de quem ela foi enquanto intercala-se com o ano de 2019, com Rory seguindo pistas enigmáticas, becos sem saída e fato que parecem não fazer sentido.
A história é bem desenvolvida, segue em detalhes e, se não for um leitor atencioso, eles irão passar despercebidos. Mas em Uma Mulher na Escuridão, todos os pontos irão se encaixar, todas as tramas têm razão de existirem e cada passo dos personagens é trabalhado de maneira a contribuir com o desenrolar do suspense.
“Ela leu a análise de Lane sobre o motivo pelo qual alguém decide tirar a vida de outra pessoa: a racionalização que ocorria, o bloqueio da emoção, o despejo das normas sociais e das obrigações morais em um buraco negro da mente. Esse conceito voltava ao cerne da sua tese: em algum momento da existência de todo assassino, uma escolha é feita. Alguns escolhem a escuridão; outros são escolhidos por ela.”
Confesso que, a princípio, a trama não cativou. Claro que Donlea tem uma escrita excelente e que constrói bem os elementos principais, mas o ponto é que, com um primeiro capítulo de tirar o fôlego, a introdução da história e dos personagens não era suficiente para suprir a sede investigativa da leitora aqui. Aos poucos, capítulo a capítulo, o autor me cativou. Com inteligência, desenvolveu o mistério, deu pistas sem deixa-las escancaradas ao leitor e trouxe um caso e tanto para a história, que fala não apenas sobre um assassino em série, mas sobre uma gama de relações interpessoais.
As reviravoltas da trama, os personagens, o suspense, todos são bem trabalhados. O fio condutor que liga o passado e o presente é bem elaborado, e, indispensavelmente, boa parte da beleza da história está em suas personagens principais: Rory, em 2019 e Angela em 1979. São duas personagens repletas de semelhanças claras ao leitor, e, em ambos os casos, autistas e mostradas em suas realidades em dois extremos.
“Você se torna próxima das pessoas cujas mortes reconstitui. Sempre. É assim que descobre coisas que ninguém mais consegue descobrir. E você também resolve os seus próprios enigmas. Todas as respostas para as coisas que a estão perturbando se encontram na sua frente. Tudo aquilo que não faz sentido… É fácil deixar a verdade escapar mesmo quando está debaixo do nosso nariz.”
Ainda assim Rory é o prato cheio. É impossível não se afeiçoar à personagem ou mesmo querer entender sua complexidade, seguir sua linha de raciocínio e aprender a desvendar mistérios tão bem quanto ela. Ela é uma personagem capaz de inspirar qualquer um com estômago suficiente a se tornar um investigador forense.
Um dos pontos interessantes do livro é o próprio título original, Some Choose Darkness (alguns escolhem a escuridão, em tradução no próprio texto do livro). A menção do título é explícita na história e, ainda, faz relação com todo o momento em que os personagens estão inseridos. A versão do título brasileira, Uma Mulher na Escuridão, apesar de não literal, traz uma consideração diferenciada à trama, um enfoque novo e mais subjetivo e que, ainda assim, consegue cair bem à história que é contada.
“Nada pode te assustar, a menos que você deixe que a assuste.”
O livro foi recebido em parceria com a Faro Editorial, que já lançou outros três títulos do autor: Deixada para Trás; A Garota no Gelo e Não Confie em Ninguém. A edição conta com a qualidade que já é marca da Editora: folhas em papel amarelado de alta gramatura, acabamento incrível e folhas com ilustrações e colorido diferenciado para cada uma das partes que compõe a história!
Uma Mulher na Escuridão é um suspense inteligente, crítico e cheio de detalhes intrínsecos à trama que irão levar a história à um desfecho surpreendente, inquietante e que deixa com uma única certeza: Rory Moore merece mais livros!