Sinopse:
As histórias de contos de fadas que as crianças ouvem, nunca fizeram sentido. Não para mim, de qualquer forma. Descobri muito cedo o que eram monstros de verdade, e que eles não vivem embaixo da cama. Eles vivem sobre ela. Do meu lado. Em cima de mim. Eu sabia que não precisava de um príncipe encantado, necessitava de um dragão. Não para me resgatar, mas para caminhar ao meu lado. E ele surgiu, só que estava como eu. Vazio. Sozinho. Atormentado. Sobrevivendo. Éramos dois corações cautelosos tentando descobrir como se curar. Só que para isso, eu precisaria abrir portas. Portas que jamais pensei que conseguiria sequer chegar perto.
O livro conta a história da melhor amiga de Cage, protagonista do livro anterior (para ler a resenha clique aqui). De certa forma é uma continuação e contém spoiler para quem não leu o primeiro, mas não vou incluir nessa resenha. Pode ler com tranquilidade. 😉
(…) nunca devemos nos omitir diante do abuso, mesmo que doa, que nos deixe em pedaços, nossa voz é a única arma que temos. (Pág. 175)
Estela faz parte das mulheres que teve a infância manchada pelo abuso. Embora tenha flashs do passado, a narrativa traz o contexto das consequências desses traumas na sua vida adulta.
Daniel está tentando se recuperar da pior fase da sua vida, pelo seu bem e do filho adolescente.
Os dois já se conheciam, mas através de uma transação comercial se aproximam. Mesmo com a bagagem que cada um carrega, a química entre eles é gritante. O que não significa que estejam preparados para se envolver e é aí que a história ganha emoção. Eles precisam romper barreiras onde há um universo de inseguranças.
O enredo traz uma ideia sensacional de que há uma mágica invisível que liga almas quebradas, por identificação, compreensão e até uma necessidade de ajuda. Conhecer as histórias deles e saber o quanto pode ser a realidade de muitos, é extremamente tocante.
Andy possui uma escrita única, intensa, cruel. Brinco que ela não tem dó dos personagens, mas a sensibilidade nos fatos torna tudo muito real. Li Cage por querer ler Ayra, descobri que se tratava do segundo e não tive escolha, mas talvez por na primeira história ter me deparado com o abuso em tempo real e não apenas com as consequências, se tornou o mais forte para mim. Ainda que “bruta”, conheci uma Andy mais leve com Estela, o que não tirou o encanto. Amo autores que possuem várias faces.
O livro é curtinho, mas nem de longe pode ser considerado leve. Como tudo na autora, ele vai te estrassalhar e emocionar, na mesma medida.
(…) o nosso passado faz parte de quem nos tornamos, que por mais que as memórias doam, elas não somem. Então é preciso lidar, encarar o feio para aproveitar o belo. (Pág. 18)
Recomendo!
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Fiz a leitura em dupla com a Kaka do instagram @oreinodaspaginas, passem lá para saber o que ela achou.