Se não eu, quem vai fazer você feliz?

Graziela Gonçalves

Editora: Paralela

Páginas: 262

Ano: 2018

Sinopse:

Um dos maiores ícones do rock nacional, Alexandre Magno Abrão, o Chorão, conquistou o Brasil sobretudo pela sua entrega na hora de compor e cantar. Essa mesma intensidade marcou a história de amor ímpar vivida com Graziela Gonçalves, que conta neste livro como o relacionamento de quase vinte anos dos dois a transformou para sempre. Ela conheceu o cantor antes de sua banda estourar e se tornar uma das mais populares do país. Com suas ideias e seu apoio, Grazi teve participação importante na construção do sucesso do Charlie Brown Jr. Foi a grande musa de Chorão, que escreveu inúmeras letras inspirado nela. Como companheira de Alexandre, passou com ele os melhores e os piores momentos, e o ajudou a enfrentar a dependência química, que o levou, tragicamente, à morte em 2013. Se não eu, quem vai fazer você feliz? não vai tocar apenas os fãs de Chorão. Mesmo sem conhecer sua música, é impossível não se emocionar com a força desse amor que sobreviveu à fama, às crises e até à morte ― e que é homenageado neste livro.

Eu li um livro da Colleen Hoover a um tempo atrás, que falava sobre estar preparado para conhecer o pior lado do seu ídolo quando resolvemos ler uma biografia, esse livro é o exemplo perfeito disso.

“Se não eu, quem vai fazer você feliz?” é narrado por Graziela Gonçalves, viúva de Alexandre Magno Abrão, mais conhecido como Chorão.

A cada capítulo ela conta sobre a história de amor dos dois, que como qualquer casal, não foi formada somente de dias e momentos felizes. E confesso que para mim como fã, foi difícil ver tantos lados sombrios do Chorão, saber de tantos momentos de agressividade.

Desde que conheci o Alexandre, percebi que ele também tinha suas fragilidades, como qualquer pessoa. Ele trazia em si uma insegurança e certo sentimento de inferioridade que, sem que percebesse, influenciava muito na forma como reagia a algumas situações de conflito. Nessas horas ele vai tudo vermelho, o sangue subia à cabeça e as brigas e discussões se tornavam intensas.

Os capítulos contam também, a história do Charlie Brown Jr, como a banda começou, os recomeços, desafios, desentendimentos e reconciliações. Alguns trazem fotos, do casal, dos bilhetes que ele deixava pela casa, se declarando para ela.

Achei incrível a riqueza de detalhes que a Graziela trouxe para essa biografia, adorei saber o motivo de cada música ter sido escrita, a história por trás de cada letra. Detalhes sobre cada momento da banda e da vida dele, de como ele era um grande ser humano e sempre pensava no bem das outras pessoas.

Além disso, ele estava sempre disposto a ajudar quem lhe pedisse qualquer auxílio. Familiares, amigos e funcionários da banda reconheceram a sua generosidade.

Li muitas resenhas sobre esse livro, e estava me sentindo um alien por ter uma parte de mim querendo abandonar a leitura, por sorte, eu continuei, e acabei me emocionando com o final.

Orai e vigiai. Essas palavras de Jesus ganharam um significado muito importante para mim. Eu tinha de ter fé que iria melhorar e também prestar atenção na qualidade dos meus pensamentos e das minhas escolhas.

O vício faz o viciado sofrer, mas além disso, consome todos que estão na volta e principalmente quem os ama. Acredito que com a droga seja pior, pelo fato de existir tanta negação e preconceito. Admiro muito a Graziela por ter ficado ao lado do Chorão até o último instante, por ter lutado com toda força e conhecimento que tinha, infelizmente ele se foi, mas com certeza não foi por falta de tentativa de livramento da esposa.

Terminei esse livro admirando essa mulher, por ter suportado tanto, por não ter desistido e ter o amado até o último instante. Apesar de ter vivido um relacionamento ao meu ver, abusivo, ela se manteve e se mantém firme até hoje, e o mais importante, reconheceu os erros de ambos para que não passe por nada daquilo novamente. Como ela mesma fala no final, era outra época, eles eram novos e certamente nos dias de hoje, tudo seria diferente.

Pude refletir como a frase “atrás de um grande homem sempre há uma grande mulher” não passa de um prêmio de consolação para quem, muitas vezes, abriu mão da sua realização pessoal para estar ao lado do seu parceiro e apoiá-lo. E como esse ditado nos deixa, como mulheres, numa posição coadjuvante. Não há um real reconhecimento de que a “grande mulher” também trabalhou, lutou e sofreu, não participou apenas da colheita e das alegrias.

Recomendo que leiam essa obra com o coração aberto para chorar, passar raiva e se apaixonar no final.

Publicado em: 01/12/2023

01 Comentário

  1. Marina Mafra02 dez, 2023Responder

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