Sinopse:
Aos 37 anos, Alice Ray não vive exatamente em um conto de fadas. Entre longas jornadas na clínica odontológica onde trabalha e idas a congressos tediosos, ela precisa lidar com dois filhos pequenos, obrigações domésticas – e um casamento que já viveu dias melhores. Mas tudo muda quando a sua irmã caçula, Melissa, a leva para um lugar nada comum: um acampamento viking. Sim, em pleno século 21. A contragosto, Alice vai parar no meio de uma floresta na Dinamarca, onde vai aprender desde caçar a própria comida a forjar uma espada. Tudo para encontrar o seu "guerreiro interior" e se tornar uma viking moderna – seja lá o que isso quer dizer. Em meio à natureza (e longe das preocupações de rotina), ela vai embarcar em uma jornada de autodescoberta – e refletir sobre as coisas realmente importantes da vida. E nós, leitores, vamos nos divertir muito com essa viagem. Virando Viking é o primeiro livro de ficção da jornalista Helen Russell. Desde a sua obra de estreia, O segredo da Dinamarca (best-seller internacional publicado no Brasil pela LeYa), ela tem se debruçado sobre o modo de vida dinamarquês e sobre qual é, de fato, a chave para a felicidade, além da maneira como lidamos com nossos sentimentos em geral. Com uma escrita ágil e bem-humorada, o livro vai arrancar boas risadas – e nos fazer refletir no meio do caminho.
– A questão é ter uma confiança tão inabalável no que você faz que a única decorrência possível é a vitória. É um ditado viking.
Alice tinha tudo sob controle, até descobrir que, na verdade, não tinha.
Sou um maquinário em perfeito funcionamento. Trabalho duro e só paro depois que cumpro todos os itens da minha lista de tarefas. Até ultimamente. Quando as atividades diárias começaram a se sobrepor, feito as escamas de um peixe.
Sobrecarregada na carreira de dentista, presa em um casamento vazio, com marido ausente até quando presente, filhos que além de não obedecer, a ignoravam completamente.
Ela fazia tudo, ao mesmo tempo que se sentia desnecessária.
O contato com os parentes era quase inexistente desde que a mãe falecera de câncer, quando ainda era muito jovem. Embora o pai e a irmã tentassem se aproximar.
Porque, à exceção das partes tristes, só consigo me lembrar de querer crescer o mais rápido possível, para poder sair para o mundo. Ou melhor, sair daquele mundo.
Por isso o convite de Melissa para fazer uma viagem de irmãs a pegou de surpresa.
O mais surpreendente foi se ver aceitando. Precisava daquele tempo e não para aproveitar a irmã, ela sentia que mal a conhecia, mas queria se afastar das outras áreas da sua vida e descansar.
Melissa prometeu cuidar do planejamento. Era tudo muito novo para Alice, que sempre liderava onde estivesse.
E ela deveria ter desconfiado.
– Que merda é essa? – perguntei, entre dentes, bem devagar.
– É um elmo viking! – soltou ela, animada, enfiando com tanta força o capacete em minha cabeça que o plástico duro arranhou minha testa e a borda cheia de tachinhas caiu por cima dos meus olhos, impedindo minha visão. – Eita! Está meio grande. Você sempre teve uma cabecinha pequena!
– Pelo menos não tenho cabeção de nabo – retruquei, voltando a enxergar e vendo minha irmã adornada com um chapéu idêntico.
– Nós vamos para um retiro viking! – prosseguiu Melissa, muito serena. – É isso que eles usam!
Havia tantos erros naquela declaração que eu não sabia por onde começar.
Sendo os extremos, como as duas eram, a ideia de uma viagem de férias não tinha como significar o mesmo para elas.
Alice, que esperava um SPA com roupões fofinhos, se viu no meio do mato, sem sapatos, com várias atividades que envolvia exercícios físicos, de resistência e até de sobrevivência.
Como toda boa história, era tudo que ela precisava para se reencontrar. Mas antes teve muito perrengue, desentendimentos e descobertas reveladoras.
O desenrolar vale muito a pena pois, além de divertir e emocionar, pode confrontar nossas próprias questões e nos permitir evoluir, através da evolução da Alice.
Todo mundo precisa saber ser o capitão do próprio navio. Quem sabe velejar não teme as tempestades.