Sinopse:
Aos 25 anos, recém-formado, Pedro está convencido de que é um sujeito muito especial, que tem a missão de usar o cinema como instrumento para melhorar o mundo. Diagnosticado na adolescência com uma doença degenerativa que o condenaria à cegueira, ele contraria a lógica da medicina quando a perda de sua visão estaciona de forma inexplicável. Enquanto comanda o último cineclube de São Paulo e trabalha em uma videolocadora da periferia, Pedro planeja seu próximo filme, a obra que vai consagrá-lo. E, para animar as coisas, conhece a intrigante Cristal, uma ruivinha decidida, garçonete e estudante de física nuclear, que mexe com seu coração. A perspectiva idealista de Pedro, porém, sofre sérios abalos. Atormentado por um segredo, ele parte com os amigos Fit, Mayla e Cristal numa longa viagem até Pirenópolis, em Goiás, a bordo de um Opala envenenado. Com câmeras nas mãos e espírito de aventura, a equipe técnica improvisada está disposta a usar toda a sua criatividade na filmagem feita na estrada ao sabor de encontros inesperados e de sentimentos imprevisíveis. E o jovem cineasta descobre que, quando o destino foge do script, nada supera o apoio de grandes amigos.
RESENHA:
Essa é uma das histórias mais incríveis escrita por alguém. ♥
Dificilmente algo que leio não me agrada, mas tem livros que conseguem realmente tocar lá no fundo, sabe? Tipo mexer com a visão que se tem da vida, das pessoas. Algumas personagens tem esse poder de inquietar, fazer a gente refletir. O protagonista nesse livro, sem dúvida, é uma delas.
Pedro é um jovem de classe média que acabou de se formar em audiovisual. Trabalha na periferia da cidade em uma videolocadora e lidera um cine clube, o qual ameaça ser fechado por falta de público.
Acredita que cada um de nós tem a missão de contribuir para melhorar o mundo de alguma forma. No caso dele, sua grande contribuição é através do cinema. Na videolocadora onde trabalha, sugere filmes aos jovens daquela comunidade e os incentiva a enxergar a mensagem que aquele enredo traz, de maneira que influencie positivamente em suas vidas. No cine clube não é diferente. A cada filme, apesar do público cada vez mais escasso, Pedro mantém-se firme em sua missão.
Sabe, acho que sou um caçador de sentimentos felizes. Um Indiana Jones, com meu chapéu e meu chicote. Porque a vida me deu um susto e depois ela se redimiu. Provavelmente percebeu que eu não merecia ficar cego. E minha retribuição é falar sempre sobre coisas boas, sobre felicidade, sobre como olhar pelo ângulo bom desta vida. (página 77)
Quando mais jovem, Pedro foi diagnosticado com uma doença degenerativa nos olhos que o levaria à cegueira. Para surpresa dos médicos, sua doença estagnou. Apesar de não possuir 100% da visão, fez daquela vitória inexplicável um trampolim para seguir em frente, sempre de maneira positiva.
Sua paixão pela vida é contagiante! Por cinema também.
Pedro era o entusiasta do que um dia ele próprio definira como Cinema Felicidade. A quem perguntava sobre seu estilo cinematográfico, respondia que a vida já é cheia de males e de caminhos construídos à revelia das pessoas. Achava que o cinema não havia sido feito para retratar aspectos sombrios da vida. Na qualidade de cineasta, por mais que concedesse valor a todos os gêneros do cinema, não conseguia se imaginar filmando algo que não plantasse no espectador o senso da felicidade. (Página 54)
Mas nem tudo na vida são flores e nem sempre a gente consegue manter a positividade diante de algumas situações. Com o Pedro não seria diferente.
Dois acontecimentos abalam consideravelmente nosso protagonista.
Um relacionado à sua fé nas pessoas e no lado bom das coisas.
Outro, com relação ao milagre que viveu e à felicidade que experimentou anos antes.
E então a vida perde a graça. Sua percepção muda. O entusiasta do “Cinema Felicidade” fica recluso, se afasta.
É aí que entram o Fit, a Mayla e a Cristal.
O que seria de nossas vidas não fossem os amigos?
Mesmo estando recolhido em sua dor, Pedro é convencido pelos amigos a realizar seu grande sonho: fazer um filme incrível e concorrer ao Cacau de Ouro, prêmio que sempre almejou. O que o trio não sabe é que produzir esse filme agora tem um significado diferente para ele.
É nesse momento que a história realmente começa e todos embarcam em uma viagem, onde coisas surpreendentes acontecem.
Caros Leitores, são livros como esse que me fazem lembrar o motivo de eu amar tanto a leitura. Autores como o Maurício Gomyde merecem todo respeito e reconhecimento de um trabalho feito com muito amor. Um dos melhores livros da vida, sem dúvida!
“Surpreendente” é uma história que faz totalmente jus ao nome. Não é previsível. Nada poderia me preparar para o desenrolar dos fatos na viagem que o quarteto faz em busca do filme perfeito.
As cenas filmadas durante essa jornada trazem realidade, são cheias de significado, leva o leitor a refletir sobre os muitos aspectos da vida.
Além disso, tudo no Pedro é muito intenso. Cada emoção vivida por ele é sentida por quem lê. Desde seu grande entusiasmo e paixão pela vida, até a dor que experimenta ao ter seu mundo virado do avesso. Eu senti cada uma dessas coisas. Me envolvi muito em cada capítulo, em cada situação; era difícil sair da história, mesmo após fechar o livro.
Não poderia deixar de falar em outras personagens dessa incrível história.
Amizade é uma das melhores coisas da vida! Acredito que, assim como a família, os amigos fazem parte da base que sustenta cada um de nós.
O Fit é o melhor amigo do Pedro e divide com ele o amor pelo cinema. É o tipo de amigo que está contigo em qualquer situação. Um fofo!
Mayla é uma das maiores incentivadoras do Pedro no cine clube, admira e acredita em sua maneira de ver a vida. Um doce!
Cristal é uma pessoa nova no círculo de amizades do Pedro, mas que se tornou tão importante quanto os outros já citados. É aquela que trouxe ainda mais cor à vida dele. Um amor!
Esse trio me arrancou muitas risadas e me deixou sem palavras em alguns momentos. Foram, para mim, a cereja do bolo.
O desfecho da história é surpreendente, tal qual o título o livro. Só não estava preparada para o quanto me deixaria emocionada.
Espero que vocês tenham ficado com aquela vontade gostosa de ler também.
Beijos e até a próxima!