Sinopse:
Mick Trewlove é o filho bastardo do duque de Hedley, mas ninguém sabe disso. Mesmo depois de se tornar um empresário de sucesso, ele ainda busca vingança contra o homem que o abandonou. E qual a melhor forma de fazer isso do que seduzir a noiva do filho legítimo do duque? Lady Aslyn está noiva do conde Kipwick, filho único do duque de Hedley, mas se vê, inesperadamente, apaixonada pelo misterioso bilionário Mick Trewlove. Durante os passeios pelos parques de Londres, ela começa a desconfiar de que algo se esconde por trás do sorriso sedutor, mas não tem certeza. Quando os segredos são revelados, uma reviravolta inesperada surpreende Mick, que terá que escolher entre manter seu plano de vingança ou ser feliz.
“Ela era uma dama, e as damas se comportavam de maneiras apropriadas. Não se permitiam ser pegas em situações comprometedoras — na verdade, não se metiam em situações comprometedoras. Não suscitavam escândalos e nem eram objeto de escândalos criados por outras pessoas. Certamente não tencionavam tirar uma luva e passar os dedos pela barba de um cavalheiro.” (p. 28)
“Ele queria ser reconhecido como o melhor filho, provar que seu valor era maior do que o da cria legítima. Ele queria que seu pai soubesse que havia julgado erroneamente o potencial de seu bastardo, que se arrependesse por um dia tê-lo condenado à morte.” (p. 43)
Lá vem a doida dos romances de época né? haha mas vocês sabem que sou a leitora mais eclética desse mundo, fazer o que se gosto de me desafiar com novos gêneros e leituras. Porem, já devem ter percebido que eu sou apaixonada mesmo por um bom romance de época, e sempre irei me aventurar nesse gênero lindo.
“-… Olhem para frente, rapazes, não para trás. Não há nada a ser visto no passado a não ser sofrimento.
Mas Mick não conseguia evitar se perguntar se, às vezes, o sofrimento não era necessário para poder seguir em frente.” (p. 63)
“O sorriso dela se alargou, provocando uma sensação estranha no peito dele, algo que ele só sentira uma vez na vida, quando um grande engradado de madeira despencara em cima dele. Tinha sido extremamente desagradável, na época. Não era tão ruim daquela vez, mas ele ainda sentia dificuldade em respirar.” (p. 67)
Quando vi a capa de Desejo e escândalo, prontamente me encantei. Ao ler a sinopse, fiquei curiosa sobre o desenrolar da trama, mas nada me preparou para o que esse livro me trouxe. O prólogo me devastou, fiquei sem entender o motivo de entregarem um bebê recém nascido para outra pessoa cuidar (isso não é spoiler, está na sinopse), sem pronunciarem o motivo disso. Talvez seja esse inicio que me deixou extremamente curiosa em adentrar mais a frente na história.
“Ele não era um novato quando se tratava de mulheres, mas nenhuma outra fizera sua cabeça girar com tantos pensamentos inapropriados. No entanto, não era o desejo que o movia. Era algo que ele não compreendia, que parecia incapaz de compreender de qualquer maneira significativa.” (p. 99)
“Mas ele pouco se importava com os elogios deles, importava-se apenas com o que ela pensava. Ninguém estava vestido de modo tão sofisticado quanto ela; ninguém era tão elegante. Ninguém tinha seu requinte. Ela não precisava berrar que era superior a eles, não precisava fazer nada para proclamar seu lugar no mundo. Ela já havia nascido nele, vestira-o a vida toda. Mesmo assim, ele suspeitava de que mesmo que ela tivesse sido levada até a porta de Ettie Trewlove, ela teria crescido de modo a refletir suas origens.” (p. 101)
Eu amo quando um autor sabe construir bem os seus personagens. Seja individualmente ou em um relacionamento. Creio que a história fica bem mais completa com personagens que são bem desenvolvidos. E foi isso que Lorraine Heath fez ao criar esse livro. Além de se dedicar a arte da escrita e criar uma obra de qualidade, a autora fez pesquisas históricas sobre assuntos de suma importância que aconteciam em 1871, e ao ler isso na nota final, eu me apaixonei ainda mais por esse livro.
“E com quem ela poderia discutir todos esses sentimentos confusos pelo Kip que ela admirava e cujas ações ela agora detestava, e por Mick, que a Sociedade insistia que ela afastasse por causa de sua origem, mas que ela passara a admirar?” (p. 124)
“Ela não era mais um meio para um fim. Tinha se tornado o fim em si. Ele deveria se sentir frio e desapaixonado ao tê-la. Seu propósito era atraí-la, mas mantendo-se distante. Em vez disso, ela tinha conseguido arrastá-lo para um redemoinho de emoções e sensações, necessidades e desejos, que eram estranhos para ele.” (p. 135)
Mick Trewlove, o personagem que mais me trouxe lições de vida ao longo da minha própria vida de leitora. O que esse homem passou até chegar onde chegou, não foi fácil. E amei a autora ter usado isso como exemplo em sua história, que não importa onde e quando nascemos, mas quem decide o nosso futuro somos nós mesmos. Não importa se você nasceu com baixas condições de vida, em um lugar de extrema pobreza, você só vai continuar nesse caminho se quiser. A vida é difícil? Bota difícil nisso, mas crescer e conquistar o seu espaço com honra e dignidade não é impossível, basta querer.
“Ele não costumava passar muito tempo com outras pessoas a não ser que fosse necessário para os negócios ou uma obrigação familiar. Preferia seus próprios conselhos, sua própria companhia. Nunca fora de se envolver em conversas fúteis, triviais. Mas, com ela, até mesmo o mais trivial parecia importante. Ele gostava de aprender coisas sobre ela. Não porque poderia usá-las para manipulá-la, mas porque cada aspecto dela o fascinava.” (p. 152)
Aslyn Hastings foi uma das mocinhas mais corajosas e destemidas que eu já encontrei nos romances de época. Amei a força e inteligência dela em discernir aquilo que realmente era certo ou não em sua vida. Ela não se permitiu ser manipulada por ninguém, mesmo sabendo como as damas em sua posição deveriam se comportar, Aslyn foi um espírito livre, satisfazendo os desejos do seu coração, lutando por aquilo que acreditava e mostrando que títulos ou nascimentos privilegiados não eram nada perto de um caráter ilibado.
“Finalmente, ela olhou para ele, e o presenteou com um sorriso torto, quase tímido. Foi como um golpe no estômago, um chute nas partes baixas, um soco no peito. Nenhuma outra mulher o afetava como ela. Ele deveria evitá-la a todo custo, mas convencer a si mesmo a fazê-lo não seria tão fácil quanto convencer o sol a não se exibir na alvorada. Se ela estivesse por perto, ele sempre inventaria uma desculpa para diminuir a distância entre os dois.” (p. 198)
“Apesar de toda sua seriedade e da origem questionável, ele tinha o coração de um cavalheiro. Mas também de um patife e de um malandro. Era estranho como essas últimas características a atraíam, sendo que certamente não deveriam. Talvez ela não fosse de fato a dama que sempre achara ser.” (p. 206)
A narrativa da história me prendeu do inicio ao fim e amo quando isso acontece, da uma sensação de dever cumprido com louvor né? Amei os irmãos de criação de Mike, e pesquisando mais sobre a autora, descobri que vem mais livros dos filhos de Ettie Trewlove por ai. Gillie estou aguardando sua história querida.
Não posso me esquecer do plot twist surpreendente que Desejo e escândalo me presenteou, foi algo inacreditável, surreal, mas que encheu o meu coração de alegria. Recomendo demais esse livro.