Sem Saída

Taylor Adams

Editora: Faro Editorial

Páginas: 272

Ano: 2019

Sinopse:

A universitária Darby Thorne já tinha problemas demais. Sem sinal de celular e com pouca bateria, ela precisava dirigir em meio a uma nevasca para visitar sua mãe que fora internada às pressas e poderia morrer, mas o mau tempo a obriga a fazer uma parada. Num estacionamento no meio do nada, Darby se depara com uma criança presa e amordaçada dentro de uma van. Aterrorizada, ela precisa manter a calma. Mais que descobrir quem é o proprietário do veículo, é fundamental escolher quem, dos quatro desconhecidos no local, pode ser um aliado para ajudar no resgate. O desafio são as consequências: isolados pela neve, qualquer deslize pode ser fatal. É preciso resistir até o amanhecer, mas o perigo aumenta e cada minuto pode ser o último.

Uau! Essa foi a primeira reação que consegui esboçar depois de ler a última linha. Eu estava sem fôlego, com o coração palpitando, um sorriso extasiado e talvez uma lágrima ou outra.

Sem Saída já começa no meio da ação. É dia 23 de dezembro e o limpador do para-brisa do carro de Darby quebra e o carro quase atola na neve. Ela precisa chegar ao hospital em que sua mãe, com câncer terminal, está internada. Só que as condições climáticas não são muito favoráveis. Há uma nevasca a caminho e a neve acumulada na estrada parece tão densa quanto cimento. Não há alternativa além encontrar um abrigo seguro do frio e esperar que os carros limpa-neve desobstruam a estrada na manhã seguinte. Trafegando na região das Montanhas Rochosas, ela encontra uma área de descanso muito próxima, o centro de informações turísticas.

No abrigo há outras quatro pessoas fugindo do frio. O lugar parece seguro para esperar o amanhecer, mas isso não faz Darby ficar tranquila, pois sua mente está bem distante, pensando na mãe e na briga terrível que tiveram. Ela sabe que precisa pedir de desculpas e que pode não ter muito tempo para fazê-lo. Enquanto tenta encontrar sinal de celular, ela faz a aterradora descoberta de que há uma criança amordaçada, presa em um dos carros no estacionamento. Sem saber quem é o dono do carro e provável sequestrador, ela precisa ponderar suas escolhas e decidir em quem pode confiar para ajudá-la no resgate. A segurança de uma criança depende dela.

“(…) Muito pouco visível na escuridão, perto de onde a mãozinha havia desaparecido, ela distinguiu um pequeno arco, reflexo bastante fraco do brilho de uma lâmpada de vapor de sódio. Era um cadeado circular com segredo prendendo uma treliça de barras metálicas, que a mão da criança havia segurado. Era como se a criança estivesse em um canil portátil.”

O livro se divide em cinco partes: entardecer, anoitecer, meia-noite, hora das bruxas e amanhecer. A tensão vai se elevando a medida que as horas avançam e a porcentagem de bateria do celular de Darby diminui. Aliás, tempo é um elemento importante na narrativa e é ele que dita o ritmo e o tom. As estradas precisam de tempo para serem desobstruídas, Darby precisar correr contra ele para chegar ao hospital e ver sua mãe, mas a menininha presa dentro da van tem nesse contratempo climático, talvez, seu único golpe de sorte.

Uma das coisas que mais me empolgou durante a leitura foram as mudanças de perspectiva. O cenário é basicamente o mesmo durante toda a história, assim como os seis personagens que são apresentados logo no início, mas a forma como os vemos e entendemos a situação da menininha trancada na van vai se modificando. A bucólica cena das montanhas cobertas de neve em plena antevéspera de Natal e seis desconhecidos tentando interagir naquelas horas forçosamente compartilhadas vai ganhando tons sombrios. Aquelas seis pessoas vão se revelando e a esperança e o desespero se intercalam a cada capítulo.

As cenas de ação são eletrizantes, os diálogos diretos e rápidos e as reviravoltas sensacionais. Como é natural em thrillers, há cenas de violência descritas em detalhes, mas nada é gratuito, tampouco, aleatório.

Taylor Adams é como um maestro, ele descreve muito bem, ao mesmo tempo em que comanda a ação e apresenta os conflitos com bastante engenhosidade. A ótima narração em terceira pessoa é fundamental no desenvolvimento, ela nos conecta com os personagens de um jeito muito intenso. É como se estivéssemos na pele da protagonista. A angustia e o desespero diante da impotência por não conseguir antever o que vai acontecer ultrapassa as páginas. Sobre Darby, também é interessante notar sua grande revelação, de universitária rebelde a uma mulher decidida com intenções heroicas.

“A diferença entre um herói e uma vítima? O momento certo.
O senso de oportunidade.”

Somos apresentados ainda um psicopata que é mestre na manipulação. É assustador estar na mente dele e perceber suas motivações. Gostei muito da maneira como ele é apresentado e como sua personalidade se descama.

“— Desculpas são um veneno — Ed repetiu. — Fazer a coisa certa é difícil. Decidir não fazer é fácil. Faz sentido?”

Outro destaque é para o projeto gráfico impecável. A arte da capa é incrível e as páginas que separam os atos são um charme! Além disso, a formatação e a alta gramatura do papel deixam a leitura muito confortável, a folha mais grossa não amassa com facilidade e isso evita inconvenientes para pessoas que, assim como eu, costuma ler em qualquer lugar.

“A história não se repete, mas, com certeza pode rimar”

Essa é uma leitura indispensável para fãs de thrillers e para todo que quer se aventurar em uma história com muito suspense e adrenalina. Esse é o tipo de livro que arranca muitas reações, desde as mais incrédulas. A leitura de Sem Saída fica muito mais emocionante se ele for devorado ou, pelo menos, degustado em porções grandes. Porque, talvez, seja impossível ler devagar ou se manter indiferente às surpresas que vão, literalmente, até a última página.

“TERMINAMOS O QUE COMEÇAMOS”

Uma adaptação cinematográfica está em pré-produção e eu mal posso esperar para vibrar com essa história no cinema.

Publicado em: 07/01/2020

3 Comentários

  1. Marina Mafra07 jan, 2020Responder
    • Nicole Oliveira09 jan, 2020Responder

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