Sinopse:
Uma história contemporânea, comovente e incrivelmente honesta sobre como encontrar forças para se libertar de relacionamentos tóxicos. Grace quer sair de casa. Ela se sente sufocada pelo padrasto agressivo e pela mãe obsessiva, que a faz esfregar o chão até toda a poeira (que só ela enxerga) sumir. Quer ir embora da cidadezinha onde mora, na Califórnia, pequena demais para seus sonhos. Quer fugir da vida que leva e se tornar uma artista em Paris, uma diretora de teatro em Nova York… qualquer futuro que seja distante do medo e da solidão que sente. Então ela se aproxima de Gavin: charmoso, talentoso e adorado por todos da escola. Quando os dois se apaixonam, Grace tem certeza de que aquele romance é bom demais para ser verdade. Mas as suas amigas enxergam um outro lado do garoto — controlador e perigoso —, que, com o tempo, vai transformar o relacionamento dos dois em uma prisão da qual Grace será incapaz de escapar sozinha.
Conhecer Grace e saber que ela fora vítima de um relacionamento abusivo, e está viva contando sua história – mesmo sendo ficção -, nos dá alívio e esperança de que na vida real, mulheres como ela, tenham a mesma sorte de correr para longe do precipício antes que seja tarde demais.
“Quando se é uma garota boba e apaixonada é quase impossível ver os sinais de alerta. É muito fácil fingir que eles não existem, que tudo é perfeito.”
Grace é uma jovem que aos 17 anos sonha como qualquer outra garota de sua idade em ir para universidade, construir uma carreira de sucesso, andar pelas ruas de Paris e, obviamente, conhecer o seu príncipe encantado.
Há cerca de três anos nutre uma paixonite platônica pelo charmosos e popular Gavin, mas, jamais imaginou que uma tentativa de suicídio do garoto e uma cartinha de apoio os uniria, e começaria, a partir dali, a traçar caminhos tortuosos; hora com o namorado carinhoso e protetor, outras com um possessivo e controlador.
“Agora olho para a garota que te adora, que acha que está segura com você, e quero gritar para que ela pule do carro e corra o mais rápido possível. Porque você não vai deixá-la extasiada por muito tempo.”
Seu lar é a representação da decadência: uma mãe obsessiva por limpeza, que a faz esfregar o chão diariamente, mesmo que esteja tudo no lugar, um padrasto agressivo que faz de sua mãe submissa e dela uma inútil, por mais esforço que faça para deixar tudo em ordem. Grace já não faz parte da foto de cartão de natal da família, nem das preocupações de sua mãe. É uma estranha em seu próprio lar. Mas Gavin a faz esquecer as dores que vive em sua casa, e isso a torna grata a ele, lhe dando a certeza de que encontrou o seu príncipe encantado, a sua alma gêmea, seu porto seguro, e jamais poderá abandoná-lo, afinal, ninguém a ama tanto quando ele.
Entretanto, com o passar dos dias, a proteção dá lugar aos ciúmes e as declarações de amor, as palavras duras e cruéis. Seu castelo está desmoronando, e Grace não faz ideia de como sair segura e sem marcas.
Ela estava deixando de lado as pessoas que a amavam de verdade, abandonando seus sonhos e se submetendo a uma relação igual a que sempre abominou: de sua mãe e do Gigante, como apelidou seu padrasto.
“Minha vida se tornou um conto de fadas. Padrasto malvado, príncipe disfarçado.”
O desenvolvimento dos personagens é muito bem feito, Grace, assim como outras vítimas, só percebe o mal causado por seu namorado quando todos já estão preparados para juntar seus pedaços, e Gavin, esse é o real abusador: chega lindo e romântico, com ciúme camuflado de proteção, mas, com pouco tempo controla, humilha, abusa e destrói.
A narrativa é feita em primeira pessoa por Grace, contando sua história para o próprio ex, mostrando que está livre, que sobreviveu aos quinhentos e vinte e cinco mil e seiscentos minutos ao seu lado.
“Você parece uma música rodando sem parar em minha mente, no último volume. Vaca. Puta. Vagabunda. Eu te amo. Não vê isso? Mais uma chance, só mais uma chance. Eu te odeio.”
No decorrer das páginas, percebemos que o grito e a ânsia por liberdade de Grace aumentam, assim como as garras e os abusos de Gavin. A sua voz consegue ecoar em nossos ouvidos, nos deixando aflitos e atentos, torcendo e implorando para que um ponto final seja dado antes que os danos dessa queda sejam irreparáveis.
Assim como na vida real, sabemos que o caminho percorrido não é fácil, e que as marcas deixadas estarão sempre ali presentes. Mulheres como a Grace, precisam ser fortes, mas sobretudo, precisam ter pessoas que as amem verdadeiramente para dar-lhes suporte emocional necessário para atravessar essa tempestade.