Sinopse:
Um romance emocionante sobre amizade, amor e família, da autora de Beleza Perdida. Quando Josie Jensen, a desajeitada menina prodígio da música, conhece Samuel Yates, um garoto confuso e revoltado descendente dos índios Navajos, uma amizade improvável floresce. Apesar de ser cinco anos mais nova, Josie ensina a Samuel sobre palavras, música, sonhos, e, com o tempo, eles formam um forte vínculo de amizade. Após se formar no colégio, Samuel abandona a cidadezinha onde vivem em busca de um futuro, deixando sua jovem amiga com o coração partido. Muitos anos depois, quando Samuel retorna, percebe que Josie necessita exatamente das coisas que ela lhe oferecera na adolescência. É a vez de Samuel ensinar a Josie sobre a vida e o amor e guiá-la para que ela encontre seu rumo, sua felicidade. Profundamente romântico, Correndo Descalça é a história de uma garota do interior e um garoto indígena, sobre os laços que os ligam a suas casas e famílias e sobre o amor que lhes dá asas para voar.
“Como um sapato cujo par é perdido e nunca mais é usado, eu havia perdido meu par e não sabia correr descalça.” (Página 10)
Meu primeiro contato com a escrita da Amy Harmon aconteceu há mais ou menos quatro anos quando me indicaram o livro Beleza Perdida, o primeiro de sua autoria publicado no Brasil. Está entre os meus favoritos da vida! Fiz uma releitura há pouco tempo, mas falaremos sobre ele em outro momento. O foco do post é essa lindeza de história chamada Correndo Descalça, o tipo de trama que a gente coloca na prateleira de Livros Para Serem Eternizados.
Para mim, vai demorar até que outra história supere esta. Semanas se passaram e ainda levo no coração aquela ressaca literária gostosa.
“(…) Às vezes acho que, se eu pudesse enxergar sem os olhos, da mesma maneira que eu sinto sem usar as mãos, poderia ouvir a música. Não uso as mãos para sentir amor, alegria ou sofrimento, mas ainda sinto tudo isso. Meus olhos me permitem ver coisas belas, mas acho que o que eu vejo fica na frente do que… daquilo que existe além da beleza. É quase como se a beleza que eu vejo fosse uma linda cortina que me distrai do que está do outro lado… e, se eu soubesse como abrir essa cortina, encontraria a música.” (Página 67)
Josie Jensen sofreu sua primeira grande perda pouco antes de completar nove anos. A morte prematura da mãe a obrigou amadurecer muito cedo. Embora fosse a caçula da família, ajudar o pai e os irmãos com as tarefas domésticas era algo que gostava de fazer. A menina sempre teve uma natureza solitária e os livros eram sua companhia. Gostava de ler ao ar livre e, numa de suas saídas, acabou descobrindo uma nova paixão: a música. O novo casal morador de Levan, cidadezinha onde vivia, era amante da música clássica e Josie foi apresentada a este universo que acabou se tornando parte muito profunda da sua vida.
Samuel Yates também sofreu uma grande perda ainda na infância. Após a morte do pai, a mãe casou-se com outro homem e ele nunca se deu bem com o padrasto. Samuel é descendente de índios da tribo Navajo e o preconceito sofrido pelo fato de ser mestiço (seu pai era branco) era a causa de confusão entre ele e outros garotos. Depois de ser expulso da escola da reserva, Samuel vai morar com os avós paternos em Levan para concluir o último ano do ensino médio.
“Algumas coisas não podem ser explicadas ou compartilhadas, porque perdem o brilho quando são passadas adiante.” (Página 164)
Uma situação no trajeto para o colégio – que se localizava na cidade vizinha – acabou aproximando Josie e Samuel. A improbabilidade de existir uma conexão intensa entre uma garota de treze anos e um rapaz de dezoito, acabou se mostrando contrária. O sonho do Samuel é entrar para o Corpo de Fuzileiros, mas precisava se sair bem no colégio para concluir seus estudos. Josie se propõe a ajuda-lo em suas tarefas e essa interação entre eles vai além do conteúdo escolar. Suas conversas giram em torno de livros e música, família e pertencimento, entre outras coisas. Entretanto, eles não dividiam sua amizade com mais ninguém. Apesar de isso não ter sido algo premeditado, quem poderia entender um vínculo tão forte?
E então o Samuel vai embora. Muitos anos depois ele volta para Levan e descobre que sua grande amiga Josie não é mais a mesma. A menina que sonhava em se tornar uma grande musicista, que queria tanto da vida, perdeu aquele brilho único que tanto o encantou. E o que são os amigos, senão anjos que Deus coloca em nossas vidas? Samuel percebe que é hora de inverter os papéis e ajudar Josie a recomeçar.
“Se você afasta as pessoas por muito tempo, o isolamento torna-se um hábito terrível. As pessoas começam a acreditar que você prefere que seja assim. (…) O ser humano não foi feito para ficar sozinho. O Criador nos deu pele macia e sensível, que anseia pelo calor de outra pele. Os braços querem abraçar. As mãos querem tocar. Somos atraídos por companhia e afeto por causa de uma necessidade nata.” (Página 185)
A coisa mais bela sobre essa história é a relação que foi construída entre os protagonistas. O conceito de amizade neste livro é tão profundo, cheio de uma beleza única. É muito tocante! Entretanto, tem outras coisas que a Amy traz e que eu acho importante destacar.
A tribo Navajo existe, é um povo que faz parte da história da cultura nativa americana. A autora traz alguns aspectos de sua origem, costumes, língua, através de um personagem muitíssimo bem construído e que tem amor por sua descendência. Com isso, ela mostra a importância de resgatar histórias de culturas antigas, especialmente se tratando de um povo indígena, que geralmente é tratado com tanto preconceito.
O Samuel, por ser mestiço, não consegue se sentir completamente parte do povo navajo, nem do lugar onde viveu com seu pai, justamente por ser vítima do preconceito de ambos os lados. A Josie, neste sentido, foi um divisor de águas na vida dele, pois ela sempre enxergou além da cor da pele ou da sua origem e o ajudou a enxergar muitas coisas também. E ela era só uma menina!
Após a morte da mãe, Josie não vivia as coisas de acordo com a idade que tinha. Ela amadureceu muito rápido e, quando surge a oportunidade de viver com intensidade a sua adolescência, a vida vem e lhe dá outra rasteira. Ainda bem que existe o Samuel, que acabou representando, também, um divisor de águas para ela.
Os diálogos entre os protagonistas são completamente estimulantes e profundos. Eu, enquanto leitora, me sentia o tempo todo querendo fazer parte da conversa, colocar meus pontos de vista. Entrar na história, literalmente. Foi uma delícia me sentir assim.
Outra coisa que eu gostaria de colocar, é que este não se trata de um romance cristão, mas ele traz valores muito fortes e importantes do cristianismo. Valores que considero universais, independente da fé de cada um.
Eu poderia falar por horas sobre este livro maravilhoso, mas vou ficando por aqui. Espero ter despertado a curiosidade de vocês. Tem tantas coisas lindas a respeito dessa história!
Até a próxima!
“– O amor verdadeiro é sofredor, é benigno. O amor não é invejoso, não trata com leviandade. Não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal. O amor verdadeiro não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta! – sussurrei as palavras para mim mesma…” (Página 303)