Sinopse:
Poético e perturbador, Garotas tristes é um intrigante romance em que amor, segredos e tragédias colidem. Seu primeiro amor não é a primeira pessoa a quem você dá o coração: é a primeira que o quebra. O luto toma conta da cidade quando Ana tira a própria vida, mas é Audrey, uma colega de classe pouco próxima da garota, que o sente mais profundamente: uma mentira inventada por ela pode estar por trás do suicídio. Lucy e Candela, suas melhores amigas, ajudam-na a manter a história em segredo, sem saber que a trama toda foi inventada por ela. Após o ocorrido, a vida das garotas entra numa espiral decadente. Entre os ataques de pânico constantes de Audrey, a nova rotina obscura de Candela e a tentativa de mediação de Lucy, uma amizade até então estruturada começa a ruir. Um novo romance parece ser exatamente o que Audrey precisa, mas o misterioso Rad não pode ser o par ideal. Ou pode? Enquanto tenta equilibrar um romance inadequado, o começo de uma carreira e o próprio egoísmo, Audrey tem que lidar com as consequências de seus atos: a ansiedade constante e a forma como sua mentira afetou todos ao seu redor. “Lang Leav ataca nada menos que o amor, em todos os seus aspectos complexos, confusos e esplêndidos.” Elle Magazine “Incrivelmente poderoso, Garotas tristes é outro livro que o fará pegar a caixinha de lenços.” BUSTLE “Leav faz parte de uma nova geração de autores best-sellers, elevados a celebridade e com propostas de livros cobiçadas.” The Guardian
“Nas chamas que se apagam e galhos enegrecidos de uma floresta assolada pelo fogo, quem consegue distinguir de onde a primeira faísca saiu? Apenas o incendiário sabe a localização exata de onde se acendeu o fósforo.”
(Página 12)
Texto perturbador e apaixonante em igual medida. Perturbador por causar sentimentos e emoções tão contraditórios e, apaixonante, pela beleza incomparável da escrita da autora.
Lang Leav é poeta e romancista, e seus escritos lhe garantiram alguns prêmios no mundo literário. Garotas Tristes é o primeiro publicado no Brasil, mas ela possui outras obras que ocupam excelente lugar na lista de best sellers mundo afora.
O título e a capa são bastante expressivos, me fascinaram de cara e a premissa havia aguçado minha curiosidade quanto à trama. Iniciei a leitura ciente de que a história girava em torno de um acontecimento triste, mas nada me preparou o suficiente para a intensidade de sentimentos que ele traria.
“— Luto é uma coisa tão potente – continuou ele. — É isso que aprendi. É como um ferro quente: você mal consegue segurá-lo. Mas você não tem escolha. A única maneira de soltá-lo, mesmo que de forma temporária, é recolocar a energia em outro lugar. Eu só consegui fazer isso através da escrita.”
(Página 161)
Audrey é adolescente e está prestes a concluir o ensino médio. Apaixonada por livros, trabalha na revista do colégio e seus artigos demonstram um grande talento para a escrita. Tem uma relação bem difícil com a mãe e é ao lado das melhores amigas, Candela e Lucy, onde encontra conforto e as coisas incríveis que só uma boa amizade é capaz de trazer. Também há o Duck, namorado de longa data.
Three Oaks, terra natal da Audrey, é uma cidade interiorana e, como em qualquer comunidade pequena, notícias e fofocas espalham-se rapidamente, como fogo em pólvora. É onde uma mentira contada levianamente pode trazer consequências inimagináveis.
“A verdade, desesperada para ver a luz do dia, tinha subido do fundo do meu estômago para sentar no topo da minha língua, sendo engolida de volta para baixo.”
(Página 261)
Tudo na vida da Audrey muda de perspectiva, quando ela inventa uma grave mentira envolvendo Ana, uma garota do colégio. O que era para ficar entre as três amigas, acaba chegando aos ouvidos de outras pessoas e logo Three Oaks fica ainda menor diante de tal boato.
Então Ana é encontrada morta em casa. Suicídio.
Audrey tem tido crises de ansiedade que só pioraram após a morte da Ana e ela simplesmente não consegue admitir a verdade para ninguém, nem mesmo para as amigas. Candela era mais próxima da garota e seu sofrimento acaba levando-a a um caminho perigoso, que talvez não tenha volta. Lucy é a pessoa que tem mais equilíbrio no grupo, a base que acaba sustentando a amizade entre elas diante de tantos acontecimentos estranhos.
Em meio ao luto da comunidade, as sessões de terapia, a proximidade das provas finais e a possibilidade de um estágio numa revista premiada, Audrey se envolve com alguém ligado à Ana, o que pode bagunçar de vez a sua vida ou leva-la a um caminho de autoconhecimento e redenção.
“— Eu costumava achar que as pessoas eram como faróis. Que estavam ali pra proteger você. Mas elas não são. As pessoas são como redemoinhos. Elas puxam você pra dentro, te arrastam pro fundo. Você tem que se esforçar muito só pra ficar com a cabeça fora da água.”
(Página 375)
Mais do que uma história sobre as consequências de uma grave mentira, Garotas Tristes traz personagens femininas muito fortes, mostrando a determinação gigante que cada uma carrega. Traz, também, suas vulnerabilidades, as situações que testam essa determinação, os conflitos, o amor e suas diferentes formas de expressão e tudo aquilo que nos torna humanos.
Para mim, o desfecho foi totalmente inesperado. Nas últimas páginas, quando eu imaginava que estava recuperando o fôlego, a autora vem e traz uma grande reviravolta, levando todo o ar embora. E a garota que eu julgava ser a única que não carregava uma tristeza significativa na vida, foi a que me fez chorar.
Com uma escrita bela e melancólica, Lang Leav fala sobre sentimentos de maneira muito íntima. Na parte pré-textual, ela diz: “Pegue essa história e a desnude”, e o seu texto nos leva a fazer isso naturalmente. Alguns trechos trazem essa intimidade tão profundamente que, às vezes, senti como se eu não tivesse o direito de saber abertamente os segredos acerca dos anseios que cada personagem guarda dentro de si. Foi uma experiência nova esse tipo de sentimento. Sem dúvida um dos livros que mais gostei de indicar aqui.
“— Escritores pegam coisas que são profundamente pessoais, coisas ditas a eles em segredo, com frequência durante momentos de grande intimidade, e as desnudam em palavras. Então eles pegam essas palavras, nuas e vulneráveis, e lhes dão o mundo.”
(Página 165)