Sinopse:
Morgan e Clara Grant são mãe e filha, e aparentemente não têm nada em comum. Morgan engravidou muito nova, com dezesseis anos, e está determinada a evitar que sua filha passe pelas mesmas dificuldades que enfrentou. Colocando sempre a família em primeiro plano, Morgan deixou os próprios sonhos de lado para dedicar-se à filha e ao marido. Clara, por sua vez, não quer seguir os passos da mãe - ela não consegue enxergar nada de espontâneo na personalidade de Morgan. No auge dos seus dezesseis anos, seu maior desejo é ir para a universidade estudar teatro, mesmo que os pais não incentivem a carreira. Com personalidades incompatíveis e objetivos divergentes, a convivência entre Morgan e Clara está cada dia mais insustentável. A única pessoa capaz de criar um ambiente de paz é Chris - marido de Morgan, pai de Clara, o porto seguro da família. Mas essa paz é quebrada após um trágico acidente que muda completamente a vida das duas. Enquanto Morgan luta para reconstruir tudo que desabou ao seu redor e encontra conforto na última pessoa que esperava, Clara só aumenta sua lista de rebeldias. Com o passar dos dias, novos segredos, ressentimentos e mal-entendidos fazem com que mãe e filha se afastem ainda mais... e a distância aumenta tanto ao ponto de uma reaproximação se tornar improvável. Depois de tanto tempo distantes e com muita coisa não dita, será que ainda há chances de que tudo fique bem? Em Se não fosse você, Colleen Hoover mais uma vez entrega aos leitores uma trama rica em desenvolvimento de personagens, fortes e complexas emoções e, principalmente, situações tão cruas quanto reais.
Diferente dos outros livros de Colleen Hoover, essa história vai muito além do que diz na sinopse, e eu achei esse livro épico.
– Tudo o que você faz é épico, Clara. E é por isso que nunca tive coragem de me aproximar, porque uma garota épica precisa de um cara igualmente épico, e acho que nunca me senti épico o suficiente.
Morgan engravidou de Clara aos dezessete anos, na época namorava Chris há quase dois anos, não tinha uma boa relação com a própria mãe, cuidava da irmã Jenny desde cedo e para completar, não conseguia entender a atração que sentia por Jonah, melhor amigo de Chris e namorado de sua irmã.
Os capítulos são alternados pelas narrativas de Clara e Morgan, a filha hoje, com dezesseis anos, é fascinada pelo pai e a tia que acabou se tornando sua melhor amiga, mas ao mesmo tempo, além de achar a mãe previsível, Clara não entende o motivo de não ter uma boa relação com ela.
Às vezes, você precisa sair de uma briga para vencê-la.
Depois de dezesseis anos longe, Jonah volta para a vida dos amigos e de Jenny, depois de engravidá-la e decidir que quer participar da vida do filho. Ele acaba se tornando um dos professores de Clara, e de quebra, é uma das poucas pessoas que a apoia no sonho de ser atriz.
Chris têm uma carreira de sucesso no mesmo hospital onde a cunhada trabalha, e deixa claro que a esposa não precisa trabalhar fora para trazer dinheiro para casa, o que ele não sabe é que Morgan pretende fazer algo para mudar a monotonia de sua vida.
Morgan está cansada de viver só em casa e nunca ter trabalhado na vida, decide então no seu aniversário de 34 anos, que irá voltar a estudar, porém, na manhã seguinte, tudo muda.
– Eu só não sabia que você continuava interessada em algo assim, já que recebo o suficiente para nos sustentar. Mas, se quer um diploma entre na faculdade.
Jenny e Chris se envolvem em um acidente de carro, e o mais surpreendente é que os dois estavam no mesmo veículo, sendo que saíram em carros separados de casa, após ela deixar o filho com Morgan para que pudesse voltar a trabalhar após sua licença maternidade. E então a vida de Jonah e da cunhada desmoronam, ao descobrirem que seus parceiros tinham um caso.
Em silêncio, lidamos com a realidade do que aquilo significa.
Clara foi incentivada por Jonah para se inscrever em um projeto de cinema, formando dupla com Miller Adams, um garoto que fazia seu coração disparar, mas que seu pai detestava por achar que ele havia seguido os passos do pai e virado um traficante.
É nesse momento que o livro fica angustiante, pois, Morgan e Clara não conseguem se entender de forma alguma. A mãe não quer estragar a imagem perfeita que a filha tem sobre o pai e a tia, então decide não contar a verdade e aceitar os julgamentos da filha. Apesar das duas ter enorme admiração uma pela outra, não conseguem demonstrar isso, pelo contrário, elas apenas brigam.
E se, na verdade, as melhores atitudes dela tenham sido influenciadas por Chris e não pelo fato de eu ter, nesse tempo todo, achado que eu tinha uma ótima filha por eu ter sido uma ótima mãe? Porque, agora que ele não está mais aqui, nós duas só despertamos o pior uma da outra.
Clara se culpa pelo acidente, pois, pensa que quem estava dirigindo o carro era sua tia, e na hora as duas trocavam mensagens. Ao mesmo tempo, Morgan não entende como a própria irmã teve coragem de cometer uma traição tão cruel, e ainda, os dois conseguirem esconder tantas mentiras por tanto tempo.
O fato de Chris ter feito uma coisa dessas dói como uma punhalada no meu coração.
Mas Jenny? Minha alma está em frangalhos.
Miller acaba se tornando um suporte fundamental para Clara, eles começam a namorar mesmo contra a vontade da mãe.
Jonah e Morgan começam a se adaptar a todos os acontecimentos e se permitem entender tudo o que sentiam há dezesseis anos atrás, acabam descobrindo que os sentimentos eram recíprocos e verdadeiros. E hoje, sem qualquer culpa podem viver esse amor.
É um despertar, mas também uma morte. É a constatação de que passei a vida inteira beijando o homem errado.
Tudo começa a se encaixar e tranquilizar quando Clara descobre a verdade sobre o pai e a tia, depois do choque, finalmente mãe e filha conseguem se entender e demonstrar todo o amor que sentem, Morgan consegue ver que Miller é sim um bom garoto e merece um voto de confiança.
É como se todos os livros de romance que já li fossem fantasias distópicas. Passei a vida inteira achando que tinha exemplos maravilhosos de amor e família ao meu redor, mas era tudo falso. O amor que achei que meu pai sentia pela minha mãe era mentira.
Esse livro ganhou meu coração por toda verdade que traz, e pela leveza que aborda os assuntos, a realidade de Clara e Morgan é a realidade de muitas mães e filhas.
Desde que nasci, todas as decisões que ela tomou foram para me beneficiar. Eu sempre soube disso. Mas acho que nunca me senti grata por seus sacrifícios antes de hoje.
Lendo a narrativa das duas partes, eu consegui me pôr no lugar da minha própria mãe, e entender que muitas vezes só o que nos falta é o diálogo. Te amo, mãe.