Sinopse:
Deprimida após sofrer um aborto espontâneo, Fig Coxbury passa seu tempo em praças observando as crianças que poderiam ser a sua filha. Até que uma menininha brincando com a mãe desperta uma obsessão. Logo, Fig se vê mudando de casa e de bairro não por necessidade, mas porque a casa vizinha oferece tudo o que ela mais deseja: a filha, o marido e a vida que pertence a outra pessoa.
“- Não vamos taxar a Fig de perseguidora ainda. Nós mal a conhecemos.
– Stalker – murmurei. – Perseguidora, stalker, stalker.” (p. 134)
Olá meu caro leitor, como tem passado? Está se lembrando que agora minhas resenhas possuem um novo formato? Se quiser saber mais sobre a história além das minhas considerações, dê uma olhadinha na sinopse aqui na parte amarela logo acima.
“Eu faço suposições demais, sabe? Minha mente é feito um computador com milhares de janelas abertas ao mesmo tempo. Tenho uma inteligência superior, é por isso. Gente muito inteligente pensa o tempo todo, a cabeça está sempre tomada por pensamentos brilhantes.” (p. 12)
Ainda não conhecia a escrita da Tarryn, e embora tenha visto inúmeras opiniões acerca de seus livros, resolvi que estava na hora de conhecê-la e tirar as minhas próprias conclusões sobre suas obras. E Stalker surgiu na hora certa.
“- Preciso desligar, mãe. Está entrando uma ligação da Tina.
– Ah, que bom. Dá um oi pra…
Desliguei antes que ela terminasse. A Tina era minha amiga. Minha amiga imaginária. Eu a inventei pra me livrar de telefonemas e compromissos familiares.” (p. 31)
Resolvi começar a leitura sem expectativas e deixar que o livro me surpreendesse, embora tenha torcido para que fosse positivamente. Minhas orações foram atendidas e logo nos primeiros capítulos eu já me senti presa a narrativa e devorando cada página desesperadamente.
“-… Quando a gente vive no interior da própria cabeça o tempo todo, as coisas se distorcem. Você tem que expressar seus pensamentos pra se conscientizar de que não é a única que está ferrada. E constatar isso faz uma diferença enorme.” (p. 59)
A escrita da Tarryn realmente me prendeu, ela usa uma linguagem tão eloquente em sua narrativa que eu me senti dentro de algumas situações descritas no livro. Eu amo autores assim que sabem como conduzir uma história, instigando e despertando a curiosidade dos leitores.
“- Nós, humanos, somos seres monógamos. Mas quando nossa felicidade é ameaçada, nós nos desviamos. A felicidade está ligada à sobrevivência. Não se sentir feliz é como fracassar, sobretudo quando vemos nas redes sociais os amigos divulgando as coisas boas que acontecem com eles. É tudo falso. Todos passamos mais tempo no limbo do que sendo felizes.” (p. 85)
Fig Coxbury foi uma personagem muito controversa, não consegui sentir um pingo de empatia por ela, ta eu sei, é horrível né? Mas me peguei querendo dar um sacode nessa mulher e fazer ela acordar para a vida e se tocar de todas as coisas estranhas e erradas que ela fazia. E ai está o cerne do problema, Fig não é apenas uma stalker obsessiva, não posso falar mais sobre isso (spoiler né mores), mas o fato que a autora usou para exemplificar esse problema foi fantástico, e amei embarcar nessa jornada pela mente conturbada de Fig.
“Nós somos produtos das nossas primeiras experiências, replicando as formas como nos ensinaram a amar, a fazer sexo e interagir com a humanidade. Alguns de nós se libertam do passado; outros não são inteligentes o bastante para isso.” (p. 157)
Jolene e Darius me deram muito em que pensar também, principalmente Darius. Eu realmente gostaria de falar mais sobre esse livro, porem não irei me perdoar se algum dia estragar a experiência de leitura de algum leitor. Mas você saberia a diferença entre um psicopata e um sociopata? Apesar de serem confundidos algumas vezes, a diferença está no remorso. Psicopatas não possuem remorso em relação a nada, enquanto os sociopatas sim.
“Os olhos femininos contam historias. E se a gente observar bem de perto, consegue traduzir: o brilho, o vazio da morte, as piscadas lentas e as longas. Uma história… uma tela de emoções. Os olhos de uma pessoa podem atrair ou repelir a gente.” (p. 193)
Este livro é baseado em uma história real, assim como Jolene sofreu com uma stalker obsessiva que queria assumir a sua vida, Tarryn Fisher também passou por uma situação semelhante. Não sei se tudo ocorreu da mesma forma como na história e espero que não, pois ninguém merece viver o horror que a pobre Jolene passou.
“Eu ignorei todos eles, não porque não visse as semelhanças, mas porque não me importava. Todos temos mania de copiar uns aos outros, não é mesmo? Vemos uma celebridade usando um jeans de cintura alta e começamos a usar. Os amigos ouvem certas musicas e nós corremos para fazer download e ficamos doidos por elas. Somos a geração do ver, querer e pegar. Mas isso – isso era diferente. Mais sinistro.” (p. 201)
Eu gostei bastante dessa história e recomendo a todos os fãs de uma boa narrativa que mexe com o psicológico. A Faro Editorial arrasou na diagramação mais uma vez e conseguiu se superar, esse livro está incrível.
“Isso é o que acontece quando partem o nosso coração. A gente se lembra primeiro das coisas boas. Aquelas que fazem falta. Depois, quando a raiva toma conta, uma nova sequencia entra em ação. As lembranças passam de uma comedia romântica pra um suspense psicológico.” (p. 225)