Sinopse:
Marie-Laure vive em Paris, perto do Museu de História Natural, onde seu pai é o chaveiro responsável por cuidar de milhares de fechaduras. Quando a menina fica cega, aos seis anos, o pai constrói uma maquete em miniatura do bairro onde moram para que ela seja capaz de memorizar os caminhos. Na ocupação nazista em Paris, pai e filha fogem para a cidade de Saint-Malo e levam consigo o que talvez seja o mais valioso tesouro do museu. Em uma região de minas na Alemanha, o órfão Werner cresce com a irmã mais nova, encantado pelo rádio que certo dia encontram em uma pilha de lixo. Com a prática, acaba se tornando especialista no aparelho, talento que lhe vale uma vaga em uma escola nazista e, logo depois, uma missão especial: descobrir a fonte das transmissões de rádio responsáveis pela chegada dos Aliados na Normandia. Cada vez mais consciente dos custos humanos de seu trabalho, o rapaz é enviado então para Saint-Malo, onde seu caminho cruza o de Marie-Laure, enquanto ambos tentam sobreviver à Segunda Guerra Mundial.
Toda luz que não podemos ver é uma história emocionante narrada a partir da segunda guerra mundial, sob a visão de Marie-Laurie, uma jovem francesa que ficou cega aos 6 anos, criada por seu pai, eles precisam fugir da França por conta do bombardeio alemão. Em outro ponto de vista, temos Werner, um jovem alemão que se torna soldado e tem facilidade com matemática e rádios de transmissão.
“Abram os olhos e vejam o máximo que puderem antes que eles se fechem para sempre”
O destino de ambos vai sendo traçados em torno das páginas, acompanhamos a fuga de Marie-Laurie com o pai e a evolução de Werner como soldado nazista. Mesmo sendo uma ficção, se passando em um período real da história, o enredo nos traz muitos momentos de tensão e de emoção por lembrarmos do real significado do período do nazismo.
“- Quando perdi minha visão, Werner – continua ela – as pessoas disseram que eu era corajosa. Quando meu pai foi embora, as pessoas disseram que eu era corajosa. Mas não era coragem; eu não tinha escolha. Acordo todos os dias e vivo minha vida. Você não faz a mesma coisa?
– Não vivo minha própria visa há muitos anos. Mas hoje. Talvez hoje eu tenha vivido.”
A escrita do autor é muito tranquila, alternando os capítulos entre os protagonistas e sendo eles curtos em si, a leitura se torna fluida e prazerosa.
Algo especial na parte de Marie-Laurie é a relação com seu pai, quando ela ficou cega ele construiu uma maquete da cidade para que ela pudesse conhecer as ruas por onde andaria. Os dois tem uma ligação linda, de longe meus capítulos favoritos.
“Werner fica impressionado ao perceber exatamente naquele momento como é extraordinariamente frívolo construir prédios esplêndidos, compor música, cantar canções (…) diante da indiferença sísmica e controladora do mundo. Por que alguém vai se dar o luxo de de compor uma música se o silêncio e o vento são tão mais amplos? Por que alguém vai acender as luzes se as trevas vão inevitavelmente apagá-las?”
Werner tem uma ligação muito forte com sua irmã mais nova, também é algo lindo e inspirador.
O que há muitas dúvidas até então, sim, a história dos dois personagens se cruzam. Acredito que é um ponto altíssimo do livro também. É lindo e profundo. O final é de derramar lágrimas até o corpo desidratar, Anthony Doerr nos deu esse presente querendo que seus leitores realmente sentissem falta dos personagens e de sua profundidade.