MENTIRAS COMO O AMOR

Louisa Reid

Editora: Novo Conceito

Páginas: 473

Ano: 2017

Sinopse:

Audrey sabe que sua mãe está certa quando tenta salvá-la de si mesma. Ela sabe que tem sido injusta, por isso precisa, por seu irmão mais novo e por sua mãe, seguir em frente. Audrey tenta manter todos felizes. Juntos, eles estão em busca de dias melhores. A mãe de Audrey, à sua maneira, tenta ajudar a filha a controlar a doença para que ela possa encontrar um recomeço seguro. Então Audrey conhece Leo, mas ele torna a vida dela realmente complicada, pois essa amizade faz com que ela deseje ousar ser ela mesma, enfrentar a vida. Agora, Audrey precisará decidir: cuidar de sua família especialmente de seu irmão ou continuar sonhando com a vida que tanto deseja? Mentiras Como o Amor é deslumbrante e de partir o coração. É o novo romance de Louisa Reid, a autora aclamada de Corações Feridos.

“E todo mundo tem sua própria dor. Você não precisa ter vergonha disso. E, se você está doente, então pode melhorar. É isso que você precisa ter em mente.”

Desde a infância, Audrey passa por episódios estranhos em sua vida: afogamentos, fraturas, perdas.

Com o passar do tempo, suas lembranças estavam sendo bloqueadas, não lembrava mais de como as coisas haviam acontecido, não lembrava o porquê de seu pai ter lhe deixado. Sua depressão apenas se agravava a cada dia, mesmo tendo toda proteção e assistência de sua mãe, que não media esforços para estar sempre ao seu lado, buscar ajuda, lhe mimar e dar conforto.

Após sua casa pegar fogo, Audrey junto com sua mãe e seu irmão Peter de 5 anos, seguiram rumo a um novo recomeço, na Granja, numa casa sombria, fria, escura e com um cheiro sufocante de mofo. Mas, o que poderia dar errado? Finalmente ela estaria livre da Coisa, essa que lhe manipulava, fazia com que se automutilasse, quebrasse seus ossos, que lhe adoecia, física e mentalmente.

Audrey era uma garota frágil; e como afirmava sua mãe: totalmente dependente de cuidados maternos. Foram muitos psiquiatras, muitas consultas e medicamentos, mas a Coisa nunca fora embora de sua vida.

“A Coisa sussurrava que eu era uma inútil. A Coisa me dizia para não ter esperança. Que nunca haveria nada de bom para mim. Que eu merecia o castigo que me deram.”

Ao chegar nesta nova cidade no interior da Inglaterra, Audrey conhece Leo, o único vizinho próximo daquela casa perturbadora. Mas, não estava afim de amigos, muito menos, atrair mais problemas para sua vida. Entretanto, Leo não era como todos os outros garotos, ele também tinha seus problemas e lutava diariamente para superá-los, tanto, que após ser internado em razão de um colapso nervoso, deixou a vida de luxo na casa de seus pais, e fora morar com sua queria tia Sue, na fazenda, longe das grandes tecnologias, longe da pressão psicológica e das cobranças de sua mãe.

A amizade fora inevitável, visto que Leo era legal não apenas com ela, mas com seu amado irmãozinho Peter, a única coisa na vida que Audrey ainda necessitava proteger. Leo iluminou seus dias e a Coisa quase desapareceu. QUASE.

“Ter coragem tem a ver com ser forte. E ser forte, bem… A força surge quando alguém é amado, não acha?”

No decorrer das páginas, vamos conhecendo melhor os personagens, Audrey é uma menina tímida e frágil, sem grandes avanços na melhoria de sua depressão. Ficamos esperando aquele velho clichê, mas ele não vem, o que torna o livro ainda mais instigante, pois, se o mocinho não salva a mocinha, o que estará por detrás de toda esta história?

No embalo da leitura, começamos a perceber uma certa “maternidade tóxica”, podemos ver que Lorraine, mãe de Audrey e Peter, começa a colocar a autoestima da garota abaixo do solo, ferindo-a com palavras e no próximo segundo, sendo a boa mãe, que faz de tudo para que seus filhos sejam felizes.

Super estranho né? Até pensei “não temos uma pessoa só com algum transtorno psicólogo aí”.

Peter, é o anjo que dá vida a trama, que faz Audrey buscar melhorias, que a ama, abraça e sente sua falta a todo instante.

“Sempre fomos muito inconstantes, frágeis e transitórios, prestes a tombar sob o menor sinal de vento, mas Peter precisava de raízes; nós dois precisávamos.”

Os personagens são fantásticos! Acho incrível quando os autores conseguem trazer algo tão real para as páginas de um livro. Esse foi o meu primeiro contato com a escrita da Louisa Reid, e sem dúvidas estarei brevemente a procura de mais obras.

Falar sobre saúde mental, não é fácil. Essa é uma condição humana que abraça diferentes aspectos, é necessário uma pesquisa bastante minuciosa para abordar o que esse livro traz – segredo -. Ficamos aguardando o diagnóstico, – obviamente – já que ele se tornou um mistério, entretanto, quando ele surge em meio as páginas, nos surpreende e nos permite conhecer mais uma forma que a mente tem de nos ferir e manipular. A condução da trama fora feita de uma forma simples, sem grandes plots (apenas no final 😷), mas que prende o leitor de forma surreal.

Uma obra perturbadora e emocionante?

Isso não tenho dúvidas!

 

“A mentira sempre foi o local em que estávamos seguros. Que cresceríamos como as outras crianças, seríamos fortes, andaríamos de cabeça erguida e nossa vida seria boa. E vivemos aquela mentira por tempo suficiente para esquecermos que, quando ela estendia os braços para nós e nós abraçava, permaneceríamos gelados para sempre.”

Publicado em: 08/06/2020

2 Comentários

  1. Marina Mafra08 jun, 2020Responder
    • Taize Lima08 jun, 2020Responder

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