Os bons amigos

Hannah Kent

Editora: Globo

Páginas: 352

Ano: 2017

Sinopse:

Interior da Irlanda, 1825. Nóra sobrevive com dificuldade após a morte repentina do marido. Ela se vê sozinha, sendo a única responsável por cuidar do neto, Micheál, uma criança que não fala nem anda. A missão da vida de Nóra se torna descobrir o que aconteceu com o menino saudável e feliz dos tempos em que sua filha ainda era viva. Mary chega ao vilarejo exatamente quando os rumores sobre infortúnios e doenças inexplicáveis começam a se espalhar. As pessoas acusam Micheál de ser alguém muito diferente do que um mero garoto aleijado e o culpam por todas as desgraças que assolam as redondezas. Nance entende da magia dos tempos ancestrais e sabe como usar as plantas da floresta para curar os males do corpo e da alma. Para o novo padre da região, ela é uma ameaça, porém, para o povo do vilarejo, Nance é uma emissária da salvação. Essas três mulheres se unem na esperança de salvar Micheál e manter o mundo de mitos, fé, rituais e tradições onde foram criadas. Essa busca as levará por um caminho perigoso, que fará com que questionem tudo aquilo que conheceram até então.

Resenha:

Olá, Leitores! Essa é minha primeira resenha de 2018 para o Blog e eu desejo que esse seja um ano repleto de dicas de leituras bem bacanas pra todos vocês.

O livro que trago hoje é para aqueles que curtem mitos e superstições, e gostam de explorar e conhecer culturas passadas.

Em “Os Bons Amigos”, Hannah Kent traz uma história fictícia baseada em um caso real de infanticídio registrado na Irlanda no século XIX.

As pessoas sempre têm um pouco de medo daquilo que não reconhecem. (Página 38)

A história se passa no interior da Irlanda entre os anos 1825 e 1826, numa vila onde as pessoas são extremamente supersticiosas e acreditam piamente em mitos, feitiços, maldições e seres encantados.

Um carvão ardente carregado três vezes no sentido de movimento do sol em volta da casa, para dar boa sorte. (…) Um carvão em brasa posto na água dos pés para resguardar um homem durante uma ausência do lar. Uma brasa para proteger contra a invasão de espíritos malignos. (Página 316)

A narrativa, dividida em três partes, gira em torno de três mulheres e uma criança.

Nóra Leahy acabou de ficar viúva. Seu marido, Martin, morreu sob circunstâncias estranhas, segundo contam. Além disso, não faz muito tempo que perdeu sua única filha, Johanna, que deixou um filho pequeno e esse agora está sob os cuidados da avó.

Nance Roche é uma mulher idosa que conhece o poder de cura das plantas e da natureza. Diz ter o dom do conhecimento dado por Eles, os Bons Amigos, seres encantados que, acredita-se, habitam os limites da floresta. Divide opiniões. Uns acreditam em seu dom, outros a consideram uma charlatã, a exemplo do novo padre do lugar, o padre Healy, que vem tentando “abrir os olhos” da comunidade em seus sermões, acusando Nance de heresia e charlatanismo.

Após a chegada de Micheál Kelliher – neto de Nóra – ao vilarejo, coisas estranhas começam a acontecer na comunidade. As galinhas não põem mais ovos, as vacas deixam de dar leite, pessoas começam a apresentar comportamentos estranhos. A criança, antes perfeitamente normal, não anda e não fala, emite sons estranhos e grita todo o tempo. Tem sido um fardo para sua avó.

Para ajudar a cuidar da criança, Nóra contrata Mary Clifford, uma menina de outro vilarejo que saiu de casa em busca de emprego para ajudar no sustento de sua família. É a única que demonstra preocupação e cuidado com Micheál.

Ao ver a criança e ouvir da avó o relato sobre seu comportamento, Nance acredita que o verdadeiro neto de Nóra foi trocado pelos Bons Amigos e que esses colocaram em seu lugar um encantado, um parasita.

A anciã convence Nóra e Mary a buscar uma maneira de trocar a criança encantada, utilizando ritos e vários elementos da tradição de seu povo.

Uma das coisas que mais gostei nesse livro foi a maneira como a narrativa foi construída. A autora conseguiu criar um ambiente com paisagens belas e sombrias ao mesmo tempo. Ela descreve com riqueza de detalhes o lugar onde a trama acontece, as personagens e os rituais, em nenhum momento deixando a leitura maçante.

Além disso, Hannah procurou inserir em sua trama aspectos reais dessa parte da cultura irlandesa do século XIX. Sua pesquisa foi extensa e deu uma vontade danada de conhecer mais sobre o assunto.

Apesar de a história estar centrada em Nóra, Nance, Mary e Micheál, a autora trouxe várias outras personagens que deram um quê a mais em todo o contexto. O final da trama foi um pouco diferente do que imaginei, mas me surpreendeu.

É uma leitura instrutiva e mexe muito com a imaginação do leitor.

Gostei demais! Super indico!

Beijos e até a próxima!

Publicado em: 22/01/2018

9 Comentários

  1. Marina Mafra22 jan, 2018Responder
  2. Le22 jan, 2018Responder
  3. Camila Carvalho22 jan, 2018Responder
    • Le25 jan, 2018Responder
    • Le25 jan, 2018Responder
  4. Maria Jose22 jan, 2018Responder
    • Le25 jan, 2018Responder
  5. Cecília Venturini01 ago, 2020Responder

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