Rainhas Geek

Jen Wilde

Editora: Planeta

Páginas: 256

Ano: 2018

Sinopse:

Charlie é youtuber, atriz, bissexual... E uma das atrações principais da Supa Con, a convenção de cultura pop mais famosa do mundo. Essa é sua chance de mostrar aos fãs que superou seu término público com o ex-namorado – e co-estrela de seu último lme – Reese Ryan. O reencontro de Charlie e Reese deixa o clima pesado, mas quando a it girl Alyssa Huntington aparece como convidada surpresa no evento, o que Charlie pensava ser apenas um crush de internet se mostra muito real. Melhor amiga de Charlie, Taylor quer ser invisível. Seu cérebro parece estar programado para funcionar de maneira diferente das outras pessoas e ela gosta de rotina e estabilidade. A única mudança que ela quer em sua vida é no status de sua amizade com Jamie, o que ela sabe que nunca acontecerá. Mas, ao ouvir sobre um concurso de cosplay de seu fandom favorito, Taylor começa a repensar até onde vai seu medo de se destacar.

“Sobre quando um garoto em seu clube de ciência disse para ela que mulheres não podiam ser astronautas. Ela voltou para casa, contou para a mãe, que era designer gráfica, e a mãe fez uma camiseta para ela com a frase GAROTAS PODEM FAZER QUALQUER COISA! estampada no peito.” (pág 141)

Rainhas Geek é um livro que me surpreendeu em todos os sentidos. Comecei a leitura porque imaginei que ele seria algo mais leve, o que ele realmente é, mas é tantas outras coisas, que merece o título de favoritado da vida. Nele conhecemos três amigos que moram na Austrália, viciados em quadrinhos, livros, filmes e tudo o que remete aos nerds. Charlie é uma jovem que faz vlogs para o YouTube e através disso estrelou seu primeiro filme, o qual foi um sucesso.

Ela então é convidada para o maior evento de fãs desse universo geek, a Supacon. E claro que ela iria levar seus dois melhores amigos, Taylor e Jaime. Charlie acredita que esse evento é oportunidade perfeita para mostrar aos seus fãs que ela superou o fim de seu relacionamento com Reese o outro protagonista do filme. Tudo seria perfeito, afinal ele não iria ao evento, mas logo no primeiro dia ela descobre que ele foi convidado pelos agentes do filme. Taylor e Jaime são apaixonados por uma escritora que escreveu uma série de livros, tanto que já assistiram aos filmes, e leram os livros tantas vezes que sabem as falas de cor. E para alegria deles ela estará na Supacon em uma tarde de autógrafos. A história é narrada em primeira pessoa, com capítulos curtos alternados entre Charlie e Taylor, o que para mim foi um grande positivo, já que é narrado por meninas.

“O amor é intenso. Você derruba todas as suas paredes pra deixar alguém entrar. Mas se a pessoa não é boa pra você, pode te demolir de dentro pra fora. E você acha que o que tem com essa pessoa é amor, então permite que isso continue. “ (pág 140)

Me vi apaixonada logo nas primeiras páginas, a autora fez uma excelente construção dos personagens. E apesar de ter amado todos, meu coração teve uma favorita. Taylor é uma garota completamente fora dos “padrões aceitáveis”. Baixinha, gorda, que sofre com ansiedade em nível de impedi-la de se comunicar com pessoas, e diagnosticada a pouco menos de dois anos dentro do espectro autista. Ler sobre como ela se sentia em detalhes fez meu coração se apertar em diversos momentos. Imaginar que coisas pequenas para ela tinha um peso absurdo chegou a ser sufocante.

“Estou implodindo, me contorcendo como aço sobre o fogo. Comprimindo. Encolhendo. Desmoronando. Sufocando com lágrimas e palavras que quero dizer, mas não posso.” (pág 53)

Rainhas Geek aborda tantos temas importantes que a princípio fiquei com medo de serem tratados superficialmente. Mas a autora até nisso teve um cuidado especial. Fala sobre relacionamentos abusivos, de como mesmo uma pessoa que sempre foi segura de suas opções e crenças pode esmorecer e não se sentir merecedor de algo, até chegar ao ponto de se anular. Mostra como a sociedade ainda é machista, e o quanto mulheres precisam ser mais unidas. Nos lembra a importância da empatia e sororidade. Fala sobre sexualidade, gordofobia, autismos, feminismo; de como vivemos em uma época cheia de ataques, de como é fácil ridicularizar, oprimir, ofender, magoar pessoas quando temos uma tela para nos proteger. Eu amei os diálogos que autora criou, principalmente alguns discursos que mostra o quanto nós mulheres somos incríveis e que podemos realizar tudo que quisermos.

“Ressaca social. É como uma ressaca normal, mas em vez de ser provocada por excesso de álcool, ela é causada por muita exposição social e superestimulação dos sentidos.” (pág 117)

Mas o principal, é um livro sobre amizade. Sobre o poder da superação, de acreditar que vai dar certo, de arriscar mesmo com medo, de entender que a vida é uma só, é que não podemos deixar de vivê-la por medo do que os outros vão pensar de nós.

“Não é tarefa minha convencer os outros de quem eu sou. Minha única obrigação é ser quem eu sou.” (pág 244)

A diagramação desse livro é a coisa mais linda, além de a capa ser dessa cor maravilhosa e as letras terem um leve relevo, o corte das folhas são arredondados. Um capricho que sou até suspeita pra falar. Rainhas Geek é um livro que deveria ser indicado nas escolas para alunos que estão iniciando a adolescência, por abordar tantos temas importantes. Ainda mais nessa fase que tudo é tão a flor da pele. Só para reafirmar, eu amei demais. Indico para todos apaixonados pelo universo nerd.

Publicado em: 03/07/2018

3 Comentários

  1. Marina Mafra03 jul, 2018Responder
  2. Camila Carvalho11 jul, 2018Responder
  3. 12 jul, 2018Responder

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